22.1.08

Mano a Mano

"Contra o silêncio do mar da palha
Ecoarão as vozes da nossa geração
Cantaremos as nossas palavras na noite,
e no céu,
as estrelas brilharão mais,
Quando todos os olhares as procurarem
Incrédulos.
Estão lá, sim,
E lá permanecerão, muito depois de nós.
A Resistência existe muito aquém
do lugar das estrelas, muito longe delas...
Cantará sempre...e os sons
elevar-se-ão aos céus.
Em Lisboa
E as guitarras tocarão para sempre."

Pedro Ayres Magalhães



Para onde terá fugido o sonho? Em que rua estreita, suja e velha terei deitado fora a minha vida?

13.1.08

Gira-discos Obstinado


[Como sempre, aqui vai a lista dos discos que mais frequentaram o meu leitor de cds e o meu gira-discos nos últimos tempos. Aproveito para vos lançar o desafio de revelarem também voçês, caros leitores, os vossos Gira-discos Obstinados, que consiste essencialmente, numa lista de discos que, invariavelmente, vão parar sempre aos arredores da vossa aparelhagem, rádio, PC, leitor de Mp3 ou grafonola, entre outros formatos que desconheço.]


Tom Waits- Franks Wild Years (1987)

Radiohead - In Rainbows (2007)

Radiohead - I Might Be Wrong (EP) (2001)

GNR - Independança (1982)

GNR - ContinuAcção: O Melhor dos GNR Vol.3 (2006)

David Bowie - Lodger (1979)

Os Mutantes - Os Mutantes (1968)

Os Mutantes - Mutantes (1969)

Caetano e Chico - Juntos e ao Vivo (1972)

Paulinho da Viola - Meu Tempo é Hoje (2003)

Radiohead - Hail To The Thief (2003)

Chico Buarque - Chico Buarque (1978)

9.1.08

Independança

Finalmente, foi editado em CD o grande álbum de estreia dos GNR que até há umas semanas estava arredado da era digital. Independança é um marco na música portuguesa dos últimos trinta anos, não só pela novidade que constituiam as bizarras letras de Rui Reininho ("Horrorosa natureza pseudo-mãe/ Transformada em pátria e guerra", em Agente Único), como pela sua sonoridade arrojada e experimental, sendo que o último tema do disco, "Avarias" - uma alucinação de 26 minutos de duração - é disso prova.

Estão cá os clássicos Hardore (1º Escalão) ("Juanita has got a brand new car/ I gave her the money/ She's been dealing at the bar") ou Dupont & Dupont ("Ela é blitz tampax/ Mama mandrax/ As formas de um sax") e esta fantástica edição incui também um segundo disco onde se inclui os dois primeiros singles dos GNR - ambos de 1981, ainda sem Reininho - e o Maxi-single Twistarte de 1983, este, já com o vocalista.


Independança (1982)

Disco 1 (alinhamento idêntico ao LP original):

1. Agente Único
2. O Slow que Veio do Frio
3. Dupond & Dupont
4. Hardore (1º Escalão)
5. The Light
6. Bar da Morgue
7. Independança
8. Avarias

Disco 2:

1. Portugal na CEE
2. Espelho Meu
3. Sê um GNR
4. Instrumental Nº1
5. Twistarte
6. Tv Mural
7. General Eléctrico

Os Mutantes




Esta é uma das melhores bandas da história do rock, curiosamente, proveniente do Brasil. Os seus três primeiros álbuns, são dos mais criativos e diversificados registos audio que ouvi até hoje. A música destes senhores é intemporal e não tem preço. Neste video, a grande Rita Lee em destaque, em toda a beleza da sua juventude. A música chama-se Fuga NºII - as imagens são de 1970 - e não é uma amostra do som dos Mutantes, pois num disco desta banda, tudo pode acontecer. Esta gente não era daquele tempo. Nem deste. Ave Lucifer!


"Tragam uvas negras
Tragam festas e flores
Tragam corpos e dores
Tragam incensos e odores

Mas tragam Lúcifer pra mim
Em uma bandeja pra mim..."

8.1.08

É permitido fumar


Serve este sinal azul, e raro de se ver nos dias que correm, para confortar os nossos leitores fumadores e para mostrar que o QCI está solidário. Neste blog pode-se fumar à vontade, pois aqui, acreditamos em democracia e, como tal, na liberdade de escolha. Sendo assim, caros leitores não fumadores, tendo conhecimento que aqui se fuma, têm a liberdade de por aqui passar ou não.

É curioso como se proíbe o fumo, e não se proíbem outras tantas coisas, tão ou mais nocivas para a saúde pública. Usar e abusar dos nossos carros, não é proibido. Talvez o fumo que sai pelos escapes seja benéfico para a saúde pública e nós o desconheçamos (o buraco do ozono e as alterações drásticas do clima nos últimos anos, são meras ilusões, é literatura de bolso). Desperdiçar litros e litros de água potável a lavar quintais, ou pior, lavando carros, também não faz mal nenhum, nós nem precisamos de água para sobreviver e nem sequer existem países no planeta onde a não existência de água potável é um dos maiores dramas e uma das maiores causas de mortalidade. A destruição constante e imparável de florestas e bosques e seja lá o que for, para construção de novas urbanizações, todas iguais todas feias, que se constroem só porque os portugueses acham que têm que mudar de casa de cinco em cinco anos, também não é problema algum, o que nós precisamos para viver é de alcatrão, cimento e betão, nada mais!

Se calhar, a nuvem de poluição que se vê, de Almada, sobre Lisboa são os fumadores, esses criminosos, a fumar todos ao mesmo tempo. O fumador é a causa de todos os males. Parece que sim.

Ora, que se foda esta puta desta liberdade! É para isto que acabam com as ditaduras? Se é isto que é ser livre, então que me prendam, "sem razão e sem sentido", pelo menos, não teria que viver nesta hipocrisia.


"Quer eu queira,
Quer não queira,
No meio desta liberdade
Filhos da puta,
Sem razão, e sem sentido.
No meio da rua,
Nua, crua e bruta
Eu luto sempre do outro lado da luta"