30.9.07

The Cure: Pavilhão Atlântico, 8 de Março de 2008

"Sometimes i'm dreaming / where all the other people dance"

Robert Smith in Charlotte Sometimes

[Os Cure voltam a Portugal para mais um concerto que o QCI não vai perder. O último concerto em terras lusitanas foi em 2004 no Festival de Vilar de Mouros. Nessa altura, a banda promovia o disco Bloodflowers, e ainda Greatest Hits. Desta feita voltam na digressão do seu novo álbum, ainda sem título, e que sairá no próximo ano. Tudo o que se sabe é que se trata de um disco duplo.]

25.9.07

Tempo #1

É tempo de parar. Já chega. Já não interessa. Há que dizê-lo com todas as letras: acabou. Agora é altura de pensar de outra forma, de descer à terra (eu bem resisti), de me ir embora desta fantasia já velha e gasta. São outros, os tempos. É outra, a minha vida. Merda, acho que sou adulto.

(enrolo o tabaco misturado, dou-lhe lume - com o meu pequeno Bic preto -, engulo o fumo, mantenho, mantenho ainda, solto...a vida recomeçou)

"Caio no ópio por força. Lá querer
Que eu leve a limpo uma vida destas
Não se pode exigir.Almas honestas
Com horas pra dormir e pra comer,

Que um raio as parta! E isto afinal é inveja.
Porque estes nervos são a minha morte.
Não haver um navio que me transporte
Para onde eu nada queira que o não veja!

Ora! Eu cansava-me o mesmo modo.
Qu'ria outro ópio mais forte pra ir de ali
Para sonhos que dessem cabo de mim
E pregassem comigo nalgum lodo. "

Álvaro de Campos

[Este miserável post, é dedicado a todos aqueles que acham que eu devia fazer isto ou aquilo só porque sim. Cegos de merda. Ignorantes. Fodam-se! Estou farto de meninos e meninas - voltem para as vossas mães. Sou livre, foda-se! Gosto de pessoas livres, foda-se! Eu não devo, eu não vou, eu não tenho que. Seres rastejantes e viscosos, morram afogados nas águas estagnadas da vossa mente. Não estou sozinho, conheço uma pessoa livre, e é minha namorada.]

9.9.07

The Piper At The Gates of Dawn: 40 anos


Há vários tipos de admiradores da obra dos Pink Floyd: os que só gostam da fase Syd Barrett (1965-1968), outros que pendem para a fase Roger Waters (1968-1984), outros ainda que se ficam pela fase David Gilmour (1985-1995). Há também aqueles - como nós aqui no QCI - que admiram toda a obra da banda, do primeiro ao último registo. Isto de se dividir a história dos Pink Floyd em três partes, deve-se à diversidade a que a banda sempre nos habituou, e o facto de haver seguidores para cada uma delas, quer dizer que estamos a falar de coisas realmente diferentes umas das outras.

No entanto, é deveras redutor, partir a história em três, quando, em boa verdade, na era Roger Waters, os Floyd inovaram (e inventaram) tanto, que até mesmo nessa fase se pode fazer a separação das águas. Vejamos: Atom Heart Mother (1970), está a milhas de distância (em sonoridade) de Dark Side of The Moon (1973); em Meddle (1971), nem parece a mesma que gravou Ummagumma apenas dois anos antes; os últimos discos de Roger Waters na banda, The Final Cut (1984) e The Wall (1979), nada têm a ver com alguma coisa que eles tivessem feito anteriormente. Há por todas estas razões, todo o tipo de admiradores desta banda. Uns gostam, por que os consideram Rock Progressivo (mas estes, normalmente, não conseguem ouvir nada deles, anterior a 1973), outros porque admiram o psicadelismo e a experimentação de Syd Barrett, e dos discos que se lhe seguiram (estes, têm mais aptidão para gostar de tudo o que os Floyd fizeram, menosprezando, talvez, a fase David Gilmour), e há ainda aqueles, que só gostam da vertente mais Pop de A Momentary Lapse of Reason (1987) e de Division Bell (1994) (este, menos Pop). [Atenção: o Pop de que vos falo, não é o Pop como nós o conhecemos, é um Pop Floydiano. Há que dizer, que nada nos Pink Floyd é vulgar. Estes senhores, simplesmente, não sabem fazer discos maus.]

Tudo isto para dizer, que quem não gosta do que os Pink Floyd fizeram antes do famoso Dark Side of the Moon, não vai ligar nenhuma a esta reedição comemorativa do magnífico disco de estreia, The Piper At The Gates of Dawn (1967). Diga-se de passagem, que mesmo para os fans da totalidade da obra, esta edição tripla, pode vir a não ter um grande interesse, visto que consiste em duas versões do álbum - uma em Mono, outra em Stereo - e um terceiro disco com os primeiros três singles da banda, que durante muito tempo não estiveram disponíveis em suporte digital (em 1992, sairam incluídos na caixa Shine On). Qualquer admirador dos Floyd, já tem tudo isto. De qualquer forma, para quem começou agora, ou já começou há algum tempo mas ainda não tem este álbum, nesse caso, é esta a edição a comprar. Avisa-se desde já aos mais desprevenidos, àqueles que estão habituados a ouvir o The Wall e o Wish You Were Here, isto não tem nada a ver. Este é um disco de Rock Psicadélico ou Underground, como lhe chamavam na altura, o que requer algum conhecimento de música dos anos 1960, e especialmente da fase psicadélica. Estamos aqui a falar de música completamente alucinada, embebida em LSD, tudo num universo bastante bizarro e Barrettiano. Talvez não tenha sido o disco mais estranho dos Floyd, mas anda por lá perto. Aqui há que dar largas à imaginação e deixarmo-nos levar pela fantasia de Syd Barrett. O disco comemora 40 anos, e está hoje tão vivo como em 1967. É uma pérola. Aqui fica um pequeno excerto desta obra genial.

"Lime and limpid green a second scene,
A fight between the blue you once knew.
Floating down the sound resounds
Around the icy waters underground

Jupiter and Saturn
Oberon Miranda and Titania
Neptune Titan, Stars can frighten...you

Blinding signs flap flicker flicker flicker Blam pow pow
Stairway scare Dan Dare,who's there?

Lime and limpid green
The sound surrounds the icy waters under
Lime and limpid green
The sound surrounds the icy waters
Underground..."

Astromy Domine (Syd Barrett)

[O QCI sugere também, as seguintes audições do mesmo período: Pet Sounds, The Beach Boys; Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, The Beatles; The Velvet Underground & Nico, The Velvet Underground & Nico; Surrealistic Pillow, Jefferson Airplane; Revolver, The Beatles; The Doors, The Doors; Their Satanic Majesties Request, The Rolling Stones; Forever Changes, Love; Strange Days, The Doors; A Saucerful of Secrets, Pink Floyd, entre muitos outros.]

Rentrée

Cá estamos nós em mais uma rentrée (utilizo este termo só mesmo porque o acho estúpido). Este é mais um dos recomeços que acontecem ao longo do ano. O primeiro, é à meia-noite do dia um de Janeiro, depois o nosso aniversário, mais tarde é o começo das férias, o fim destas - que é também um recomeço - e a chegada das várias estações do ano. Há outros recomeços mais quotidianos como a Segunda-feira. Achamos sempre que para a semana é que vamos mudar tudo, começando na Segunda-feira. Esse dia é sagrado. É o dia de todos os começos e recomeços. Devia era ser feriado todas as Segundas, este dia já merecia essa honra.

Esta pequena introdução, serviu para dizer que chegou o mês de Setembro. É este o mês que prova que a sociedade nunca se refez dos tempos de escola. Afinal a vida, mesmo para quem não anda na escola, faz-se entre os meses de Setembro e Junho. É claro que os que trabalham e não estudam, trabalham nos meses de Junho e Julho, mas é já a meio-gás ou menos do que isso, pois nessa altura já está calor, as férias estão à porta, e podemos ser menos produtivos e profissionais, porque a vida é assim.

Esta é a rentrée, aquela coisa que vem logo a seguir à silly season (porque será que os portugueses usam termos estrangeiros para tudo?). E nada muda, tal como no primeiro dia do ano. Que coisa chata o ser humano arranjar uma série de momentos simbólicos para tudo e mais alguma coisa. Para mim isto é uma "continuité" (sim, deve estar mal escrito). Continuo a fazer as mesmas coisas: ouvir música (todos os estilos possíveis, de todas as nacionalidades possíveis); ver filmes (muitos filmes): ler jornais (tudo o que for possível ler); ler muitos livros (cof cof).

O QCI, como não pretende ser um blog arrogante, também quer participar na rentrée, daí este regresso ao fim de quase um mês. Aproveitamos então esta altura de supostas mudanças profundas, para dar duas novidades aos nossos queridos leitores que nos entupiram o mail neste último mês (era só reclamações): a primeira, é que os comentários voltaram (vamos lá ver o que acontece desta vez); a segunda, é que a redacção do QCI, decidiu por unanimidade, responder aos comentários - algo inédito na longa história deste fantástico blog.

Conselho de rentrée para os nossos leitores: oiçam muita música (ex: depois de ouvirem o Master of Puppets dos Metallica, oiçam o Kind of Blue do Miles Davis, depois disto passem para o Construção do Chico Buarque, passando desde logo a Cantigas do Maio do grande Zeca Afonso e podem acabar com uns Depeche Mode ou qualquer coisa do género. Sem preconceitos, sem rótulos - mente aberta. Só assim se atinge a sabedoria em qualquer assunto, tendo a consciência de que nada sabemos, nunca).