9.9.07

The Piper At The Gates of Dawn: 40 anos


Há vários tipos de admiradores da obra dos Pink Floyd: os que só gostam da fase Syd Barrett (1965-1968), outros que pendem para a fase Roger Waters (1968-1984), outros ainda que se ficam pela fase David Gilmour (1985-1995). Há também aqueles - como nós aqui no QCI - que admiram toda a obra da banda, do primeiro ao último registo. Isto de se dividir a história dos Pink Floyd em três partes, deve-se à diversidade a que a banda sempre nos habituou, e o facto de haver seguidores para cada uma delas, quer dizer que estamos a falar de coisas realmente diferentes umas das outras.

No entanto, é deveras redutor, partir a história em três, quando, em boa verdade, na era Roger Waters, os Floyd inovaram (e inventaram) tanto, que até mesmo nessa fase se pode fazer a separação das águas. Vejamos: Atom Heart Mother (1970), está a milhas de distância (em sonoridade) de Dark Side of The Moon (1973); em Meddle (1971), nem parece a mesma que gravou Ummagumma apenas dois anos antes; os últimos discos de Roger Waters na banda, The Final Cut (1984) e The Wall (1979), nada têm a ver com alguma coisa que eles tivessem feito anteriormente. Há por todas estas razões, todo o tipo de admiradores desta banda. Uns gostam, por que os consideram Rock Progressivo (mas estes, normalmente, não conseguem ouvir nada deles, anterior a 1973), outros porque admiram o psicadelismo e a experimentação de Syd Barrett, e dos discos que se lhe seguiram (estes, têm mais aptidão para gostar de tudo o que os Floyd fizeram, menosprezando, talvez, a fase David Gilmour), e há ainda aqueles, que só gostam da vertente mais Pop de A Momentary Lapse of Reason (1987) e de Division Bell (1994) (este, menos Pop). [Atenção: o Pop de que vos falo, não é o Pop como nós o conhecemos, é um Pop Floydiano. Há que dizer, que nada nos Pink Floyd é vulgar. Estes senhores, simplesmente, não sabem fazer discos maus.]

Tudo isto para dizer, que quem não gosta do que os Pink Floyd fizeram antes do famoso Dark Side of the Moon, não vai ligar nenhuma a esta reedição comemorativa do magnífico disco de estreia, The Piper At The Gates of Dawn (1967). Diga-se de passagem, que mesmo para os fans da totalidade da obra, esta edição tripla, pode vir a não ter um grande interesse, visto que consiste em duas versões do álbum - uma em Mono, outra em Stereo - e um terceiro disco com os primeiros três singles da banda, que durante muito tempo não estiveram disponíveis em suporte digital (em 1992, sairam incluídos na caixa Shine On). Qualquer admirador dos Floyd, já tem tudo isto. De qualquer forma, para quem começou agora, ou já começou há algum tempo mas ainda não tem este álbum, nesse caso, é esta a edição a comprar. Avisa-se desde já aos mais desprevenidos, àqueles que estão habituados a ouvir o The Wall e o Wish You Were Here, isto não tem nada a ver. Este é um disco de Rock Psicadélico ou Underground, como lhe chamavam na altura, o que requer algum conhecimento de música dos anos 1960, e especialmente da fase psicadélica. Estamos aqui a falar de música completamente alucinada, embebida em LSD, tudo num universo bastante bizarro e Barrettiano. Talvez não tenha sido o disco mais estranho dos Floyd, mas anda por lá perto. Aqui há que dar largas à imaginação e deixarmo-nos levar pela fantasia de Syd Barrett. O disco comemora 40 anos, e está hoje tão vivo como em 1967. É uma pérola. Aqui fica um pequeno excerto desta obra genial.

"Lime and limpid green a second scene,
A fight between the blue you once knew.
Floating down the sound resounds
Around the icy waters underground

Jupiter and Saturn
Oberon Miranda and Titania
Neptune Titan, Stars can frighten...you

Blinding signs flap flicker flicker flicker Blam pow pow
Stairway scare Dan Dare,who's there?

Lime and limpid green
The sound surrounds the icy waters under
Lime and limpid green
The sound surrounds the icy waters
Underground..."

Astromy Domine (Syd Barrett)

[O QCI sugere também, as seguintes audições do mesmo período: Pet Sounds, The Beach Boys; Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, The Beatles; The Velvet Underground & Nico, The Velvet Underground & Nico; Surrealistic Pillow, Jefferson Airplane; Revolver, The Beatles; The Doors, The Doors; Their Satanic Majesties Request, The Rolling Stones; Forever Changes, Love; Strange Days, The Doors; A Saucerful of Secrets, Pink Floyd, entre muitos outros.]

7 comentários:

Anónimo disse...

fico contente por já se poder comentar aqui.

bom regresso. e mt boas sugestões.

Rosa disse...

Caro QCI, que queiras ser o maior viciado em música que conheço, que sejas fã incontestável dos pink floyd, do syd barrett, da música dos anos 60, 70... enfim, da Música, tudo bem! Contudo parece-me, com este texto, que pretendes alastrar a tua patologia aos leitores mais incautos. Cuidado, meus caros! Esta é uma doença altamente transmissível e, quando adquirida, irremediavelmente crónica. Começa a entranhar-se na pele, a invadir a corrente sanguínea e quando derem por vós estão a ir diariamente a lojas de discos à procura de raridades, a ler toda a imprensa e outras publicações musicais e a encomendar discos pela net que não se encontram à venda em Portugal... daí a querer coisas impossíveis, é um suspiro ;)

borrowingme disse...

obrigada pelo comentário
mas para mim hoje chove por dentro e por fora...

não consigo deixar de me querer arrepender

obrigada mais uma vez, bjs e até já

André Sousa disse...

Podes não acreditar mas foi em 1991, (tinha eu 14 aninhos) que ouvi pela primeira vez este albúm fenomenal que me fez querer saber tocar guitarra! Quando ouvi os primeiros 20 segundos de Astronomy Domine! Buuummmmm! Eu sabia que ia ficar "agarrado" a estes gajos para sempre!
As melodias psicadélicas de Barrett as suas letras enigmáticas fizeram com que os Floyd pudessem ter as bases de uma carreira! Sem ele o grupo nunca teria existido!
Para mim, Syd será sempre um músico fenomenal. ~
E claro vou comprar esta nova edição de Piper porque o meu Cd de 1991 é antiguinho e precisa de uma reforma depois de tanto ter sido escutado e emprestado.

Abraço

querercoisasimpossiveis disse...

Rosa:

era bom que esta fosse uma doença altamente transmissível, e por outro lado, não. Acho que não gosto de partilhar música. Quero-a só para mim.

André Sousa:

Curiosamente, também comecei a ouvir Pink Floyd com 14 anos, mas foi com o Dark Side of The Moon, o The Wall e o Division Bell. Os dois primeiros deles, foi cerca de um ano depois.

Outra coisa: tu emprestas cds de Pink Floyd? Nunca na minha vida!

Lampadinha disse...

Texto de requinte! :P Partilhamos alguns gostos, outros já nem por isso, mas vá.. até ouves boa música lolol :)

Rui Coelho disse...

I know a mouse
And he hasn't got a house
I don't know why
I call him Gerald
He's getting rather old
But he's a good mouse

(hell yeah)