30.7.07

Everybody Knows

Sopa de Letras

Autor: Leonard Cohen
Álbum: I´m Your Man
Ano: 1988

Everybody knows that the dice are loaded
Everybody rolls with their fingers crossed
Everybody knows that the war is over
Everybody knows the good guys lost
Everybody knows the fight was fixed
The poor stay poor, the rich get rich
Thats how it goes
Everybody knows

Everybody knows that the boat is leaking
Everybody knows that the captain lied
Everybody got this broken feeling
Like their father or their dog just died
Everybody talking to their pockets
Everybody wants a box of chocolates
And a long stem rose
Everybody knows

Everybody knows that you love me baby
Everybody knows that you really do
Everybody knows that you've been faithful
Ah give or take a night or two
Everybody knows youve been discreet
But there were so many people you just had to meet
Without your clothes

And everybody knows.

26.7.07

A impossibilidade de uma amizade

Certa noite, estava eu e a Cláudia-a-Dias em animada conversa num bar qualquer deste mundo, e eis que a referida criatura, às tantas, se sai com esta: "Eu sou a melhor amiga que tu podias ter!", e diz isto com um ar muito convicto e certo de que nada a poderia contrariar. Ora eu, pasmado com tais palavras, apresso-me a perguntar-lhe o que a leva a dizer uma monstruosidade daquelas: "O que te leva a dizer isso? Justifique-se por favor!", ao que ela responde descontraídamente como quem não quer a coisa: "Então, porque sou uma amiga que te ouve e que te ensina coisas!". Confesso que nunca tinha ouvido tão perfeita descrição da amizade, ainda assim mostrei uma moderada indignação dizendo simplesmente: "Chocas-me!". A resposta que obtenho é esta: "Claro que sim! Eu sou um pára-choques!"

É com piadas destas que se perde uma amizade.

18.7.07

Patti Smith em Portugal

"I haven't fucked much with the past, but I've fucked plenty with the future."

Ora aí está uma daquelas notícias que deixou o QCI deveras feliz: Patti Smith está de regresso aos palcos portugueses. O concerto é no dia 28 de Outubro no Coliseu de Lisboa.

17.7.07

Syd Barrett: The Madcap Laughs

No dia 7 deste mês passou um ano desde a morte de Syd Barrett. Um dos maiores mistérios do universo rock dos últimos quarenta anos que, na verdade, já andava "desaparecido" desde 1972. Fundador, vocalista, guitarrista e principal compositor do soberbo disco de estreia dos Pink Floyd - The Piper At The Gates Of Dawn (1967, em Setembro serão assinalados os quarenta anos do álbum com uma nova edição tripla) - é hoje visto como aquele-que-podia-ter-sido-mas-nunca-foi, o génio que virou as costas ao sucesso, ao glamour, ao estrelato inerentes a uma estrela rock.
Syd Barrett saiu dos Pink Floyd em 1968, quando a sua saúde mental estava já num estado muito degradado. Recusava-se a tocar em alguns concertos, não respondia às questões dos jornalistas, desaparecia com frequência, ficava horas a tocar o mesmo acorde entre outros hábitos cada vez mais bizarros. Tendo em conta este comportamento, os restantes membros da banda (Roger Waters, Richard Wright e Nick Mason) já se tinham prevenido com a inclusão de David Gilmour (guitarra e voz) o que terá feito dos Pink Floyd um quinteto durante um curto espaço de tempo, até que um dia, segundo Gilmour, a caminho de um concerto, simplesmente optaram por não ir buscar Barrett e foi assim que este deixou de ser membro da banda.
O segundo disco dos Floyd, A Saucerful of Secrets (1968), continha ainda uma última composição de Barrett intitulada Jugband Blues, interpretada pelo próprio, que fechava o disco envolto numa neblina misteriosa e alucinada. Posto isto, em 1970, e com a ajuda preciosa de Waters, Gilmour (que era amigo de infância de Barrett) e Wright, ainda lançou dois intrigantes discos - ambos em 1970, primeiro The Madcap Laughs, depois Barrett - para pouco mais tarde se eclipsar totalmente e viver praticamente o resto da vida em casa da mãe em Cambridge (onde morreu no ano passado). Muitas foram as tentativas ao longo de mais de trinta anos de entrar em contacto com Syd Barrett, mas este escusou-se a falar da sua vida com os Pink Floyd a maior parte das vezes, mostrando um desinteresse total por tudo o que fez nessa altura.
Estas foram as suas últimas palavras escritas para os Pink Floyd em 1968 e que demonstram o quão alienado estava Barrett já nesta altura, sendo que o mais assustador ainda é dar a entender que tinha consciência do que lhe estava a acontecer:

"It's awfully considerate of you to think of me here
And I'm most obliged to you for making it clear
That I'm not here.

And I never knew the moon could be so big
And I never knew the moon could be so blue
And I'm grateful that you threw away my old shoes
And brought me here instead dressed in red

And I'm wondering who could be writing this song."

Até hoje poucos foram os que conseguiram igualar o génio de músicas como Astronomy Domine ou Interstellar Overdrive. Barrett foi sempre um fantasma na carreira dos Pink Floyd, sendo referido e servindo de inspiração para alguns dos pricipais discos da banda nomeadamente The Dark Side of the Moon (1973), Wish You Were Here (1975, a faixa que dá nome ao álbum é-lhe dedicada), The Wall (1979) e The Division Bell (1994). Syd viveu sempre de costas viradas ao sucesso cada vez maior que a sua banda veio a atingir nos anos seguintes à sua saída. Terá sido mera loucura? O mistério prevalece. The Madcap Laughs.

11.7.07

#2

Era nessa altura que ela subia e descia as avenidas daquela cidade abandonada à noite. Entrava nos bares, sozinha. Bebeu muito de Woody Allen com Marlon Brando e Chet Baker. Era a sua combinação preferida. Os homens fitavam-na com estranheza. O que faria uma mulher, todos os dias sozinha, naqueles bares, fazendo aquelas estranhas misturas? Era bonita, pedia as bebidas com uma segurança e firmeza que asseguravam que sabia muito bem o que fazia e o que queria. Não era uma bêbada, não era uma inútil e seguramente não era puta. Os homens daqueles bares respeitavam-na. Compreendiam-na. Na velhinha jukebox, sempre a mesma música: Nina Simone, e ao ouvi-la, acendia um cigarro, bebia o que estava no copo de uma vez só e pousava a cabeça sobre a mão como se nunca mais a fosse levantar. Era um lugar comum. Eles sabiam-no. Ela sabia-o. Ela era intocável.
Ao fim da noite, já nos bares que ficam perto do rio, sente-se o ar húmido e o cheiro característico da água que bate nos muros. Vêem-se pequenos caranguejos que aparecem sobre a pedra humana. Ela debruça-se sobre o corrimão observando tudo isto, apanhando o relento fresco, por vezes aconchegante, único e fiel companheiro daquelas noites urbanas e azuis. Ouvem-se os primeiros barcos, partem os primeiros autocarros, vêem-se as primeiras pessoas indo para o trabalho. Era sempre assim, todas as noites acabavam naquelas manhãs cansadas e cinzentas. O olhar fixo no horizonte, o vento nos cabelos longos e ondulados. Um último copo, Gainsbourg com duas pedras de gelo e Brel com um pouco de Piaf para acrescentar amargura. Escreveria quando chegasse a casa, se pelo menos se lembrasse do caminho. É então que uma voz masculina se ouve quase ao seu lado: Mariana, és tu?

4.7.07

Arcade Fire, SBSR, 3 Julho



Os Arcade Fire conseguiram o mais improvável: arrastar o QCI para um festival. Só mesmo a banda canadiana para nos levar para aquele desterro onde a cerveja se vende ao preço do ouro e onde não há transportes quando os concertos acabam!
O concerto foi épico. Bem sei que esta é a palavra mais vulgarmente usada para descrever os concertos dos Arcade Fire, mas não é fácil encontrar outro adjectivo que descreva na perfeição o que se passa nos concertos destes senhores.
Como pontos altos e orgásmicos, destacamos No Cars Go, Rebellion (Lies), Neighborhood#3 (Power Out) e, claro, Wake Up para um final em grande. Talvez tenha faltado Crown of Love, In the Backseat ou mesmo Cold Wind mas não havia tempo para tudo.
Na nossa modesta opinião, os Arcade Fire são a melhor banda desde os Radiohead, e quem não gosta deles, não tem coração.

"Purify the colors, purify my mind and spread the ashes of the colors over this heart of mine."

2.7.07

Citação

Woddy Allen
(n.1935)

"Basically I am a low-culture person. I prefer watching baseball with a beer and some meatballs."